segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Polícia descobre `mansões` de chefes do tráfico


Informações de moradores levaram policiais ontem até "mansões" usadas por traficantes de drogas no complexo de favelas do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. Por fora, pareciam casas como todas as outras, com tijolos aparentes e portas de ferro com fechaduras simples. Mas lá dentro havia piscinas, churrasqueiras, banheiras de hidromassagem, eletrodomésticos e equipamentos de última geração, academia de ginástica e discoteca privadas, sistema de ar-condicionado central, tetos rebaixados com gesso, muito mármore e blindex.
Na Favela da Grota, uma casa de três andares seria a fortaleza do criminoso Alexander Mendes de Oliveira, conhecido como Polegar e apontado pela polícia como chefe do tráfico de drogas na Mangueira, que havia fugido para o Alemão. No primeiro andar, uma caixa vazia de uísque Chivas Regal 12 anos estava jogada em cima da mesa de vidro. Quatro TVs de LCD, geladeira, fogão de seis bocas e máquina de lavar, todos aparentemente recém-comprados, foram destruídos a tiros e marretadas, possivelmente pelo próprio traficante, antes de fugir, segundo a polícia.
No segundo andar, havia uma banheira de hidromassagem redonda com vista para o teleférico do Alemão. Na cobertura, uma piscina que à tarde fez a alegria de crianças e adolescentes do morro, que brincavam no local. De cima do terraço, o traficante podia controlar o movimento em um dos principais acessos ao morro, a Rua Joaquim de Queiroz. Policiais quebraram partes do teto de gesso e de painéis pintados nas paredes em busca de drogas e armas. "A casa caiu", disse um dos agentes da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil, os primeiros a chegar à mansão.
Em outro local, na Favela Nova Brasília, o traficante conhecido como Gão, acusado de chefiar o tráfico no Morro do Faz Quem Quer, em Rocha Miranda, mantinha uma casa que os policiais definiram como "centro de lazer", para realização de festas e churrascos, com a participação de chefes do tráfico local. No fundo da piscina, que tem um chafariz em forma de golfinho, um grande "G" foi ladrilhado. A área é cercada de painéis que retratam paisagens da capital fluminense.
Havia churrasqueira, pista de dança, banheira de hidromassagem e decoração com colunas gregas na ampla casa de dois andares, com vista para o Estádio Olímpico João Havelange (Engenhão). "A casa era usada como centro de lazer pelo Gão, uma espécie de clube. Chegamos depois de receber a indicação de moradores", disse o tenente-coronel Luiz Otávio Lopes da Rocha Lima, comandante do 6.º Batalhão da Polícia Militar (PM), responsável pela operação. "A população está ajudando muito."
O oficial transformou o local em base de sua equipe. Foram levados para lá, até o início da tarde, cinco fuzis, duas metralhadoras, uma granada e cerca de 200 quilos de drogas. "Um bandido que estava armado com fuzil e atirou contra policiais, morreu", disse o coronel.

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